quarta-feira, 25 de junho de 2014

Tudo o que acho do amor...!!!



Ter um amor é esperar que todo dia se repita

Amar é olhar com olhos de fita

Perder um amor é chorar com olhos de ira

Amor se soma ao mistério                              

Do mistério que só quem ama sabe desenhar

Em um desenho abstrato nada quadrado

Nem redondo, nem retangular

Um embaralhado de coisas, há que se amar

Amarrar a si próprio no andar do outro

Esconder com esmero de mago o estrago do estouro

Amor é capacitar a você e ao outro dividir

Permitir a junção da divisão, explodir

Como polos invertidos se unir...é um vai e vem

Andar de lado, ser riscado, ser usado

Consequências do amar errado

Diversão em estado de horror

Não, Amor é substrato, extrato de suor

Cheiro de um e do outro...uma explosão de cor

Dor repartida em dois, em pedaços de um.

Amor não é verdadeiro se inteiro não for.

Nem sonhava...!!!


Helio passou a tarde cantando, ele fazia faxina e ouvia musica no DVD. Tocava Bethania, Elza, Marisa Monte. Não fazia calor nem frio era uma tarde linda. Estava contendo claro alguma tristeza, cantou algumas músicas enquanto tirava a poeira. Isso lá é coisa de macho? Que humilhação.

Sem emprego, só restava economizar a grana da faxina, era pão duro, reconhecidamente sovina. Porém, não iria demitir a faxineira, só estava procurando o que fazer. Era além de sovina para si, um coração mole para os outros.

As gatas com medo do escovão, se escondiam debaixo do colchão. Não entendiam nada.

O dia tinha começado pesado, havia chorado, coração apertado e perdia a cada dia a noção das coisas, se achava esquisito, fazia falta bater cartão, ter patrão, ter rotina. Bom, ele pensava ao mesmo tempo foram tanto tempo de dedicação, exatamente trinta e quatro anos trabalhando, quase ininterruptos. Deu de ombros para as questões recheando sua cabeça e foi cantar e faxinar.

Perguntou a si mesmo, o que tinha feito de errado, e lá veio de novo o pensamento que o tirava do centro. Deus, há quanto tempo isso havia acontecido. Bola pra frente ele repetia.

Passo álcool ou sabão? Lavo a louça ou guardo a roupa? Nada como uma terapia para aliviar essas angustias não? Sabão de milagres que lava com vontade nossa alma. Deixou o DVD tocando e seguindo...nem percebeu que Bethania já ia se repetindo, não dava. Vamos levantar a poeira e tocar algo mais pra cima...bota aí uma Sandra de Sá...vermelha. Nem sei como ela conseguia ser tão estranha e olha que ele curte Nina Hagen.

Parou, a limpeza acabou, descansou, belo trabalho, casa cheirosa e alma leve. Ele aconselha. Vai junto a faxina da casa o alinhamento dos seus pensamentos, encaixando os sentimentos, jogando o pano de chão em cima da sujeira, lavando a varanda da sua alma com muita água limpa. Surgiu um novo ser...um faxineiro por prazer, um gostoso dia de muito e de nada ao mesmo tempo. Me entendem?

Procurou riscar o dia do calendário com um sorriso e conseguiu terminar lacrando a dorzinha que queria nascer pela manhã. Nada de vela escorrendo pelos cantos. Sujeira e crostas a gente tira na unha e também essa coisa que as vezes teima em crescer no coração da gente...

Continuou ouvindo música, permaneceu sereno avaliando cada sensação. Novo dia amanhã, nova proposta do que fazer.

Helio era determinado,  as vezes fraquejava, coitado...humano, demasiado humano como dizia Nietzsche um dos seus escritores favoritos. Tinha passado o dia a limpo, se acomodou, dormiu...não sonhou. Não acordou.

Um belo dia de si...


Um belo dia de si

Vamos pregar botões

Consertar a porta que está caindo

Limpar os sapatos que estão empoeirados

Descarregar as emoções aborrecidas no lixão

Se sentir um grão de areia no Universo para se humanizar

Ter consigo total compreensão, suavizar sem ter pena de si mesmo

Encontrar um caminho mesmo que ele ainda não esteja tão claro assim

Renascer, reprovar sua própria sentença

Vamos à construção

Ver sua fundação se fortificando, esperando a chuva, o sol e continuar sendo erguida

Mirar no espelho e voltar a pregar botões, agora pode abotoar seu coração...

Ele já verteu palavras demais...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Tantas em uma só...pontilhadas!


A ideia nasce com a necessidade, tomasse ela vontade própria e ela se extinguiria.

Observei um casulo, coisa estranha, qual a esperança de nascer ou brotar algo vivo dali, absolutamente nada pode assegurar isso...o destino é tão frágil quanto as asas da borboleta que está por vir.

Noto o dia chuvoso, coisa linda de se ver, triste quando as aguas levam na enxurrada a vida das pessoas, podia levar minha alma para bem distante e fundi-la com barro.

Cego de um olho, ouvido de vampiro aberto aos pequenos ruídos, sons extraterrenos ou aqueles que meus pensamentos buscam no espaço.

Espaço aberto, desejo cumprido, visão de horizonte, testemunho vivo...perdi a noção

Podia querer ensaiar uma peça, ser uma personagem rebuscada, complexa...decidi ser eu mesmo ao inverso.

Levo meus livros onde vou, tantas escolhas, tantos sabores, tantos saberes...mas, não sei onde estou.

Tem tentáculos enfiado pela minha garganta, tem olhos mil sobre minha cabeça, tem mistura de amor e alegria, tem enfim o fim do dia, ajustado.

Pulo o muro, escalo algumas montanhas, tropeço no bueiro aberto, escavo dias inteiro a descoberto no sol a pino. Suor transbordante de espera, mas, nada da ânsia de ter, só mesmo o trabalho de esperar.

Pela grande bagagem, pela luta de todo dia, pela força que nos move...é vida.

Por alguns segundos de solidez, por momentos raspando a rispidez do seu próprio couro, aleluia.

Quando a chance vem, se nega a vontade, o tiro de disparo do inicio se torna sem fim.

Criança abandonada, cabeça velada, enluvado de cetim...sensível olhar das pessoas, consumo de dores alheias, reflexo de um caótico funil.

Lidar com a vida é trabalho de escravo, é luta de sábio, é constante azeitar de engrenagens, é permanecer no respaldo de que vais brilhar.

Permaneças onde está, não se locomova, não se angustie se isso não lhe dá essa sensação de perda, no entanto ao apodrecer seus frutos os quais não conseguiram germinar não chores, o vento irá te levar.

Penso, tenso, intenso, imenso, senso, tenso, penso, imenso, intenso, senso de pulsar.

Pare e pense, reflita, espere, espie, esfrie, esquente, experimente, minta e sorria.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Rasguei o céu e tudo está em demasia!



Meu melhor está por vir, em uma sequencia de erros e acertos, atropelos e escuridão. Mas, não pensem que a leveza não faz parte de mim, sim, ela está lá acordada com suas plumas eriçadas prontas para voar.

O que me impede? Uma pesada pedra amarrada a um dos meus pés, pedra essa que estou quebrando aos poucos até me libertar completamente. Imagino tocar o sol e rasgar o céu, com o olhar de Deus a me admirar pela ousadia de meter a mão naquilo que é presente Dele.

Enquanto debulho a pedra, mastigo hóstias de sangue ou de vinho, de pão ou de carne. Misturo tudo e numa mistura de cores e dores a gente vai se esvaindo aos poucos. Juro, a sensação de vazio é algo que me perturba e que a simplicidade minha companheira ainda não deixou de lado a loucura desse querer infinito e insaciável que nos leva à angustia.

Nosso mundo pervertido de tantas escolhas, nos encolhe e não nos recolhe em braços calorosos, pelo contrário, nos atira a cada dia mais numa necessidade angustiante de tudo querer, de tudo saber e de tudo imaginar.

Nossa mente está poluída, carregada de pensamentos absurdamente rápidos e improfícuos, resultado da massa constante que rola como tal bola de neve fosse. Uma avalanche sentimental nos derruba e aí vamos ao fundo da neve branca sem nada enxergar.

Estamos a cada dia mais próximos e mais distantes, nada separa mais um do outro hoje do que o muro do individualismo.

Nossa vida se tornou algo tão mais complexo com a busca incessante de prazer que sim, eu peço perdão a Deus...rasguei o céu e deixei cair as estrelas quando ainda era dia de um lindo amanhecer.

Por portas desconhecidas, por luzes mal refletidas e por caminhos que a gente não sabe percorrer nos perdemos.

Achar que tudo isso faz parte da nossa vida é um sopro de sabedoria e arregaçar o peito e as mangas e seguir em frente, batalha por batalha, pedra por pedra e cada riso, sorriso...viver.

Um resumo da vida nesse vai e vem que procura assimilar força com fraqueza, ganhos e perdas, luz e sombra...vida e morte.

Espero transformar a pedra que me prende ao chão em um pedaço do penhasco de onde irei saltar e finalmente voar para além da necessidade de ser inteiro, completo e perfeito.

Irei vestido do sentimento mais puro que existe...o de ser eu mesmo.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Tolerancia!


Precisaria reinventar a dança

Segurar a lança que te feriu de morte

Pensar que a vida longe persiste

Como o cavalo que resiste no trote

Perdida minha imunidade

Conquistada a humanidade

Preferiria não ser

Debulhar sorrisos largos

Olhos em espasmos

Mãos que conseguem se conter

Pessoa sozinha e tolerante

Confronto com o semelhante

Preferiria não crer

Distoante!


Um acordo dissonante

Um acorde ultrajante

Um pedaço de seu

Uma poesia de graça

Uma praça sem graça

Um céu sem cor

Um desejo miserável

Um costume intolerável de ter

Razão alguma sobre nada

Consciência vaga na estrada

Um perdido sem perfume nas mãos

Razão nenhuma sobre tudo

Paciência escassa na escada

Um achado com choques nas mãos

Vidro!


Preso num pote de vidro

Lágrimas de vidro tingido

Arroto de vidro moído

Cortes de vidro quebrado

Maçã de vidro lustrado

Passos de cacos de vidro

Pote de vidro fechado

Pesado ar de vidro molhado

Cortes no vidro em retalhos

Pesada mão envidraçada

Sorriso de vidraça

Esperança em garrafa quadrada

Singelo cristal de gente

Medo do vidro derrapante

Construindo sobre chão quente

Telhado de vidro indecente

Luz de vidro...brilhantes.