Rasguei o céu e tudo está em demasia!
Meu melhor está por vir, em uma sequencia de erros e
acertos, atropelos e escuridão. Mas, não pensem que a leveza não faz parte de
mim, sim, ela está lá acordada com suas plumas eriçadas prontas para voar.
O que me impede? Uma pesada pedra amarrada a um dos meus
pés, pedra essa que estou quebrando aos poucos até me libertar completamente.
Imagino tocar o sol e rasgar o céu, com o olhar de Deus a me admirar pela
ousadia de meter a mão naquilo que é presente Dele.
Enquanto debulho a pedra, mastigo hóstias de sangue ou de
vinho, de pão ou de carne. Misturo tudo e numa mistura de cores e dores a gente
vai se esvaindo aos poucos. Juro, a sensação de vazio é algo que me perturba e
que a simplicidade minha companheira ainda não deixou de lado a loucura desse
querer infinito e insaciável que nos leva à angustia.
Nosso mundo pervertido de tantas escolhas, nos encolhe e não
nos recolhe em braços calorosos, pelo contrário, nos atira a cada dia mais numa
necessidade angustiante de tudo querer, de tudo saber e de tudo imaginar.
Nossa mente está poluída, carregada de pensamentos
absurdamente rápidos e improfícuos, resultado da massa constante que rola como
tal bola de neve fosse. Uma avalanche sentimental nos derruba e aí vamos ao
fundo da neve branca sem nada enxergar.
Estamos a cada dia mais próximos e mais distantes, nada
separa mais um do outro hoje do que o muro do individualismo.
Nossa vida se tornou algo tão mais complexo com a busca
incessante de prazer que sim, eu peço perdão a Deus...rasguei o céu e deixei
cair as estrelas quando ainda era dia de um lindo amanhecer.
Por portas desconhecidas, por luzes mal refletidas e por
caminhos que a gente não sabe percorrer nos perdemos.
Achar que tudo isso faz parte da nossa vida é um sopro de
sabedoria e arregaçar o peito e as mangas e seguir em frente, batalha por
batalha, pedra por pedra e cada riso, sorriso...viver.
Um resumo da vida nesse vai e vem que procura assimilar força
com fraqueza, ganhos e perdas, luz e sombra...vida e morte.
Espero transformar a pedra que me prende ao chão em um
pedaço do penhasco de onde irei saltar e finalmente voar para além da necessidade
de ser inteiro, completo e perfeito.
Irei vestido do sentimento mais puro que existe...o de ser
eu mesmo.
1 Comentários:
Como disse antes....Bendita turbulência que passaste... É um dos textos mais lindos que já li... Isso é uma "transmutação" de sentimentos e emoções...Descoberta rara do que já existia com valores mínimos ....E hoje tão caros....Parabéns ! Adorei!
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