segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Entre as costelas!



Estão todos na trincheira, esperando que com minha coragem e minha bala de perdão perfure suas costelas. Mas, não há. Não há balas, nem perdão, não há nada a perdoar ou perder. E continuam lá, fazendo rondas, esperando que eu me desarme e diga sim, diga sim, diga sim e diga sim de novo.

A fonte secou e as balas sumiram, derreteram ou simplesmente nunca existiram. 

Calmamente retiro minhas roupas e nu, sem nenhuma chance de retorno eu dou as costas. E vou, sigo adiante, passo por passo e olho com olhos de calma os movimentos atrás de mim...como se tivesse olhos nos ombros ou longas antenas vibratórias. Estão todos estáticos, da mesma forma que sempre foram, esperando que a comida chegasse na mesa no mesmo horário todos os dias, na mesma temperatura e no mesmo sabor, embriagados de rotina.

Quando me dei conta estava a muitos passos longe, logo me recuperando das minhas necessidades, cicatrizes fechando, a bala da permissividade tinha deixado um rombo no meu peito, agora aos poucos ia se fechando aquele buraco enorme, e meu coração batia novamente como se fosse um novo, novíssimo corpo extra que me deram.

Muita ânsia me deixando atordoado, sem rumo mesmo...mas somente numa direção, para a liberdade de ser, criatividade imensa de poder olhar com meus olhos, beijar com minha boca e dizer tantas coisas que eu sempre quis. Nada me colhe mais, nenhum ramo será cortado, nenhuma folha será arrancada da minha arvore sem que eu permita. E se isso novamente acontecer é por que eu ainda não finquei raízes em mim.

Me coloco em um pedestal, me converto em sinal, em luz própria. Nada de abismo entre mim e eu mesmo, sei que sou perfeito na ponta dos meus dedos que me percorrem sem medo.

E mais uma vez a certeza me invade, e a bala da coragem atirada em direção às costelas expostas explodem em estilhaços, queimando a porta que trancada eu deixei por tantos anos, por tanta gente, por tantos ninguém.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Tanto querer e outros afazeres!

EU QUERIA:


Eu queria ser Clarice, eu queria ser Caetano, eu queria ser Ro Ro. Eu queria ser Portinari, eu queria ser Malfatti eu queria ser robô.


Eu queria ser Marylin, eu queria ser Monteiro Lobato, eu queria ser Victor Hugo ou talvez queria ser Mozart.

Pessoa, não estava...tinha saído com seus...


Eu queria ser Cazuza, Renato Russo e Zeca Baleiro, eu queria ser Carpinejar eu queria ser só inteiro.


Eu queria ser alienado, Nietzsche não se queixou, eu queria ser Proust, Virginia não deixou.


Eu queria ser Michael Jackson, Madonna ou Andy Wharol.


Eu queria ser Drummond, Quintana, Veríssimo...eu queria ser de cada um a metade...ser inteiro.




FOTOGRAFIA 1


Olhe bem, preste muita atenção essa foto foi tirada e guardada para você. Não tem dedicatória, é só uma boa lembrança, e pode perceber não tem data, continua só uma lembrança.
Veja se consegue, veja se percebes, note se estou lá, pra você!
Consegue notar lá  o meu coração pulsando? Olhe mais, veja mais perto...ouça estou dizendo lá no fundo da foto...te amo!


FOTOGRAFIA 2


Não gosto, não tenho paciência, nada de momentos, nada de selfies, nada de comidas, nada de monumentos.


CORES


Eu gosto muito, devem achar que sou cinzento como meus cabelos. No entanto ao olhar pela janela do meu quarto vejo uma imensidão de cores, matizes amplas de verde, lilases que não podem ser profundos, vermelhos carmim, amarelo amansado de um dourado quase dormindo. É uma alegria, o sol bate em cada uma dessas cores e me parece um arco íris de ramos. Ficaria aqui admirando, mas, minha alma cinzenta me avisa que já é noite.


NÃO ME DIGA


Não me digas que não me aprova, que me reprovas, que sou tonto ou coisa igual. Sou eu na mais pura essência, sou EU AO NATURAL.


Sim eu sei, me confundo as vezes, leio mais de um livro ao mesmo tempo, temas variados, personagens desencontrados, personagens que se misturam, outros morrem quando deveriam vencer outros vencem quando deveriam morrer.


EXTREMURA


Dizem que a sensibilidade é fraqueza. O que seria do mundo sem as pessoas sensíveis para carregarem consigo e suportar as mazelas do mundo e dos seres que aqui vagam? Pergunto.


PREGUIÇA


Estava de preguiça, um dia sem inspiração. Meu diabo saiu ligeiro, partiu para seu surf de calção...meu anjo foi para a quadra da escola de samba com sua fantasia de capeta. Que confusão.


PASSARINHO DAS MIGALHAS


Espalhei algumas migalhas de pão para ver se pelo menos o pobre e desconfiado passarinho se chegava. Nada, o bichinho era marrento...desconfiado. Virei as costas fingi que partia e ele me olhando de soslaio fingia. Era um passarinho tão pequeno com olhos de dragão.