quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Fragmentos matinais!



Minha língua está paralisada, já fiz minha mudez anunciada. Só meus olhos existem.


Caminhei perdidamente entre as galerias, avistando gente, olhando cada transeuntes, todos doentes.


Me tomo como a um pendulo (não de Foucault), pendular...entre o riso e a lágrima, lembranças e futuro, vida e morte, luz e sombras, vontades e deixar.


Não há nada que me possa atingir, porque todas ou muitas bombas de emoções eu já senti.


Primeiro eu me coloquei, depois me posicionei, depois me guardei, depois me empoerei, depois desapareci. Objeto de luxo numa caixa de sapato.


Faço um esforço tremendo, tramando contra essa indisposição...não arrumei meus lençóis.


Risos, risos internos...eu me subverti, abandonei o piano há muito e agora toco tamborim.


Só tenho vontade de não estar, nem sentir, mas, luto contra tudo isso e vou...estando, sentindo, vivendo...


Estive por aí, e fui bem longe, bem longe de mim, do meu diabólico ser que me atormenta todo dia fazendo de mim um ser especial. Daqueles que não se enraízam, e quando partem sente falta das suas raízes mesmo assim.


Entre Deus e o Diabo? Cada um com seu pedaço de carne e de sangue, recheado de almas.


Não tenho medo não...o que eu tenho é pecado original.


Outras vezes eu me declaro, em outras me retraio, de outras me alargo, outras me comprimo, outras me sou inteiro, outras sou quebradiço.


Não tenho tantos por quês em minha vida, há tempos tenho notado isso...é como se alguém me dissesse tudo o que tenho que saber, ou é um tremendo conformismo esses não por quês.


Tenho me visitado bastante, ah e como é delicioso saber que eu existo.


Tomara que o tempo não se ajuste, hoje me levantei e me senti quente, que boa notícia essa logo ao amanhecer.


Pudera eu considerar alguns amigos, amigos...mas, tenho um que é brilhante, preenche qualquer vazio, alarga meu sorriso, tenho sentido sua ausência. Pode brilhar!


Rezei hoje com fervor, tantos hipócritas, tantos cretinos, tantos déspotas e tantos inocentes.


Vamos, te convido!


Sou todo ouvido, já que minha língua está paralisada. Serei o ouvinte perfeito. Não sou dado a opiniões alheias.


Meu amor está acima de tudo e como um escudo eu vou te proteger. Meu amor!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Cartas a um terrorista!



Nossas cartas sempre começam com um leve comentário ou a pergunta de praxe de como está? Hoje, não vou cair na mesmice, até porque minha vida não tem essa mesmice que tinha até a algum tempo atrás.
Posso começar falando da minha impressão e sobre o que sinto pelo futuro de todos aqui, e eu acho que o futuro está meio nublado, minha bola de cristal está sensivelmente descontrolada, e haja flanela para faze-la funcionar, o brilho de outrora (será que houve??) ou eu achava tudo mais lúdico e menos trabalhoso do que agora?
Meu amigo que aterroriza minha alma, meus dias e minha cabeça, poderia caminhar comigo pela orla? Hoje o dia está quente, úmido e eu estou solitário. Essa solidão, aquela que conheces bem, a que me acompanha desde pequeno, quando menino eu olhava o por do sol e já reflexivo e sensível de doer já me vislumbrava solitário sem ao menos sabe-lo.
Tenho estado em casa, junto aos meus pensamentos e livros, que um círculo permeia minha vida, e tenho estado com o único que me entende e me acompanha, além de eu mesmo. Tenho por ele uma imensa gratidão que é mais que amor? Ou amor pode se chamar também gratidão, ou admiração, ou companheirismo, acho que é um pouco de tudo e muito de nós mesmos.
No entanto, como ia te dizendo estar assim novamente tão introspectivo me faz ver além da minha própria matéria e que eu luto para manter mais e mais sã a cada dia, é uma tarefa árdua essa, separar a mente do corpo ou da nossa alma, na realidade eu acho que sou pura alma, e ela está esfolada, muito desgastada e não estou conseguindo fazer com que ela recupere seu brilho de antigamente, não sei se ela estava tão oculta de mim que só agora, ao tempo que o tempo me deu ela está se mostrando, e eu não sabia que ela estava tão ferida assim.
Por muito e também por menos perco a razão, a emoção está à flor da pele meu caro e não encaro com humor nada que possa me deter. Aliás, eu tenho colocado muitos pingos nos is ultimamente e francamente cada pingo é um respingo de ais, que tem me irritado bastante. Não sabia que fraquejava, que humanizar nossa alma era algo tão dolorido.
Pelo sincronismo que tenho tido ultimamente, posso te dizer que meus compasso biológico está bastante atrasado em relação a minha alma ou vice versa, não sei dizer quem realmente cresceu e viveu primeiro, num jogo de adivinhação acho que ambos perderiam. Não tenho lembranças de não ter alma, engraçado...acho que já a carrego por longa data.
Me fale de ti? Tens andado muito ocupado? Ou tens estado como eu? Abilolado?
Lembro-me de nós dois, conversando longas horas pela madrugada afora, escutando de cada lado a palavra não dita de cada um...olhos que não se olhavam, porque nada de espelhos, na realidade era um olhar profundo, não humano acho que instintivo quase, e terminava sempre com um longo abraço de cansaço. Permiti sempre que adentrasse e enfiasse a mão em meu peito, arrancando muitos pesares, muitas alegrias e também muita vontade de estar alí.
Na ultima conversa que tivemos, que também expressei em nossa ultima carta, aliás, ainda não recebi sua resposta, espero que não tenhas ficado aborrecido comigo, por ter comentado que parte de mim já havia esvaziado de você, o que é natural já que a distância nos provoca o desejo de seguir em frente uma vez que o vinculo da presença não existe mais. Comentava o quão o amor pode ser uma armadilha, que nos enfileira para a guilhotina sem motivos de Kafka. Então eu te digo, novamente, nessa carta que lhe escrevo agora e, mais do que nunca essa armadilha armada de egoísmo e vontade de ter, nos escraviza e torna o tal amor em algo não negociável, onde através da nossa angústia e do laço e do grilhão forjado a ferro da luta diária não resistimos, caímos na armadilha e tantos sentimentos de desvalido, de combalido e cansaço que ao persistirmos nessa permanência, nos anulamos.
Eu tenho esperado tanto de mim, que estou me cobrando a cada instante, o que ao mesmo tempo não me traz nenhuma boa referência, me vejo até mesmo incapaz de prosseguir, de dar qualquer rumo ao desespero e que muitas vezes eu atropelo com meu trator de uma roda só. Estou sem esperança e tudo que vejo ao meu redor é a dureza, dureza  essa que carreguei até pouco tempo e que estava tão incrustada em mim como lava de vulcão, e eu agora me sentindo alijado de algumas coisas, respiro enfim a liberdade de ser eu mesmo. O que fazer? Para não me perder nesses espaços e caminhos tão diversos que a vida tem me mostrado? Caminhe ao meu lado, eu sozinho não sou você.
Não adianta seu terrorismo, hoje enfim eu respiro e com você vou mais longe, eu sou sua parte que se perdeu...eu sei. Me abandonar, nesse edifício, beira de abismo é não ter coragem de me olhar novamente e dizer...eu estou com você.
Assim eu encerro minha carta, contendo a explosão que havia preparado para nós dois, eu exatamente como antes e você ainda perante a vida que nos separou.
Tenho coisas e sei coisas que você talvez não queira mais saber.




 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Naquele momento! Um pequeno conto.



Naquele momento no calor da nossa discussão, fui chamado  de animal. Tomei como elogio e não como uma afronta à minha inteligência. Só queria me dizer que sou instintos e retraio em mim meus sentimentos que são só sentimentos.
Não esbocei nenhuma reação até mesmo porque eu no exato momento das suas palavras, divaguei e me transportei para uma outra atmosfera. Imaginando já que bicho seria, que tão irracional eu seria se podia sentir o que mesmo eu como bicho sentiria.
Sua voz aguda me trouxe de volta, e eu percebia e não percebia. Fiquei atordoado e em átimos de segundo comecei a me entender como animal.
Pude ver através de tudo isso o quanto irracional eu sou no sentido de me expressar duramente conforme meu sentimento. Não tenho pudores ao sentir raiva, amor, alegria ou tristeza. Não há filtros possíveis, nem a maturidade que insiste em se manter localizada em minha cabeça conversando momento a momento comigo.
Não me levantei, pelo contrário usufrui daquele momento o máximo que pude e tentei entender a razão da fúria extravasada da minha contra parte que estava também animal, sem que percebesse se entregou a seu lado selvagem, como todos nós temos. E que graças a Deus permanece mais em mim e um tanto em alguns.
Pedi uma bebida, não para me entorpecer, e sim para sentir que gosto ela teria naquele exato momento, a ocasião pedia que eu me entorpecesse? Ou deixasse fluir aquela represa de sentimentos que estavam meio confusos. De nada adiantou e o que prevaleceu foi o animalesco sentimento de proteção, esse sim...velado e contido como um animalzinho de estimação, eu não me defendi. Rara a vez em que não reagia com muita raiva ou um ímpeto de abandono. Deixei nossa discussão tomar o rumo da razão e nela fui mais uma vez enganado.
Todo discurso entre nós acabou quando eu disse, _ sim, eu errei!
Podia ter alongado e por mais que eu preenchesse meu espaço, me senti vazio com a imediata concordância de algo que para mim era tão irrelevante.
Depois dessa noite, fiquei tão decepcionado que continuei em atrito comigo mesmo por muitos dias. Deixei o tempo ruminando minhas entranhas e estranhamente me desliguei dessa dor.
Posso te dizer que foi melhor assim, a ultima discussão, a derradeira, o ponto final, o esgotamento crucial da relação que outrora foi brilhante. Brilhante de fantasia!
Se foi , e eu ali na escada do restaurante, olhando de forma distanciada. Nada seria como antes e eu não queria mais. Não prestei atenção, saltei dois degraus e não me permiti isso, voltei e desci normalmente a escada, não queria queimar nenhuma etapa do que tinha acontecido ali. Fui embora, não olhei para trás e não soube mais de mim.
Essa permanência inteiriça me transportou para muito além do que eu conseguia vislumbrar.
A Liberdade!

Palavras soltas na noite!



O homem gira em seu próprio eixo, ligado pelo umbigo, eu procuro esse desvinculo...não consigo me decepar.
Um passo não dado, grilhões nos pés pesados, um concepção não concedida! Decepção!
Por onde o caminho está assentado, cruzo ao largo porque procuro me assentar e sozinho.
Esse silencio, esse silencio, esse silencio, esse silencio!
Perdidamente encontrado, corpo arrastado, umbigo decepado, choro!
Posso secar amanhã, transbordar de manhãs, posso drenar o anoitecer, sobreviver!
Enquanto arrasto correntes? Mastigo gente.
Essa figura macia, essa crua magia, impenetrável lindeza de olhar!
Senti sua falta, acordei de alta madrugada, orvalho brotando...sonho acabando, você voltando de nenhum lugar.
Perdoai-os Pai, eles não sabem o que fazem! E fazem mal!
Me confessei, olhei pelas treliças do confessionário, olhos divididos em mil, ouvidos a mil...boca esgotada, alma lavada.
De pecados pueris, de transtornos febris, de bobagens infantis...me permiti dizer mentiras a Ele!
Então a Ele que me criou, que me fez imagem...errou na pesagem do conteúdo Eu.
Talvez por vingança, nem me resta lembrança de tamanha crueldade que se Deu!
E então vai longe! Longe e sem retorno, transtorno esse de carregar fé em todo caminho!
Mais vale o espinho na testa, seco com vinagre do que o peso da falta de fé digo Eu.
Eu persigo Ele...que me aceita, sou imagem, sou sangue, sou sua carne retorcida...ainda cheia de luz.
O homem ainda cava seu trecho, por desleixo se relaxa, se encaixa tal qual tampa quadrada em boca redonda.
Não digo nada a ninguém! Não tenho necessidade, não tenho vontade...é singular essa atitude porque não é de mais ninguém.
Não peço perdão, eu confesso, eu choro, eu rio e sou positivo. Nada acontece além, nada acontece, enfim.
Desejo sempre luz, que um relâmpago bem forte e mortal me atingisse, eu acenderia seu fogareiro como se aciona um arcabuz. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Nó...



De onde nada se pode tirar eu tiro, reviro do avesso aquela questão do esperar e sem trégua  e por mim mesmo e sem desespero eu me relanço no atrito de não me esborrachar no primeiro degrau dessa longa escada.
Possuo o dom da maceração e cuspo fora todo o conteúdo que não me agrada ou não tem mais valor em mim. As vezes as pedras são pesadas e só se locomovem quando junto forças para esticar minha corda que não se arrebenta.
Luto sempre contra uma obstinação de medo, e eu sem medo, corajosamente o enfrento como se fosse o leão nosso de cada dia.
Por mais que tenha inserido em minha vida, minha alegria, minha dor ou minha paciência eu prevejo que sempre estarei na espreita e olhando pelo cantinho da porta quando você vai chegar, essa loucura que não me abandona. Que é só minha e que me leva a devaneios internos e profundos que somente minha alma que é solidária me pode compreender.
Toda vez que penso no que quero e não consigo enxergar é como se um mundo de opções que me tonteiam me rodeiam, me rodopiam e eu tonto novamente, com o labirinto aberto me perco.
Deus que tantas preces lhe lanço e nenhuma lança perfura meu coração me fazendo sangrar, toda essa angustia que me pesa e na descrença dispersa eu tenho me desvencilhar. Nada, nada que não possa eu mesmo me recolher e reconhecer que tenho um longo caminho.
Tento depois do depois, ou antes do antes me esclarecer, me entender e o que eu consigo é saber que o meu leão de todos os dias me engole vivo.
Olho ao meu redor e desfruto da lucidez que aos poucos se aconchega e me traz um pouco de luz ao meu espírito que de roedor já deixou de ser osso para ser somente espírito.
Cada passo é marcado pela esperança, e cada voz que fala em mim das dezenas que trago me insultam ou me elogiam criando um redemoinho em que a lucidez acima me deixa esquecer aquilo que me faz mal.
Portal da esperança, eu como criança retorno ao ponto inicial e meu leão tão desesperado se acalma e já saciado consegue me vomitar.