terça-feira, 12 de abril de 2016

02 de Novembro!



02 DE NOVEMBRO!

Hoje fui visita-los, me senti como se existisse realmente um muro elevado de pedra, tal qual Muralha da China ou o Muro das Lamentações que se divide com a Mesquita Al-Aqsa. Uma garoa gostosa amainava minha vontade de permanecer ali, logo eu que nunca fui chegado a essas visitas.
Senti saudades, muitas saudades, senti saudade até de quem eu nunca conheci ou não tenho recordações a não ser o seu sagrado caderno de desenhos, que para mim era sim um santuário de beleza, cheiro e recordações que nunca poderia existir, mas havia.
E tudo tão obscuro e a mente acelerada, o coração sentindo vazios e me lembrei de uma música da Angela Ro Ro e Cazuza...Cobaias de Deus.
Me senti assim, em um laboratório...em um labirinto. Um monte de perguntas sem respostas e eu sempre perguntando, elevo meus pensamentos e penso no café da manhã, tão elevado esse pensamento, me senti novamente humano uma cobaia branquela de Deus.
Naturalmente e como sempre me preencho e me esvazio, vou tocando a vida entre os labirintos e as permissões de ir, voltar nunca.
Flores artificiais, flores artificiais, artifícios de flores...
Artifícios sem fogos, cera derretendo, saudade permanecendo e flores artificiais.
Tudo misturado com a garoa, com as cobaias perdidas andando, eu perdido procurando...eu achado e perdido.
Se você quer saber, a alma está pronta para ser lisa novamente, passada a ferro e esticada como roupa encharcada no varal. A garoa não me molhou o suficiente.
A saudade sim, minhas flores artificiais permanecerão...mas, meu amor esse é de verdade!
Aos meus pais, ao meu irmão, ao seu caderno de desenho...TE AMO!

De ti!



De ti!

Tal qual poema livre em grandes palmeiras, coqueirais e seus cabelos negros, revoltos e sensíveis pediam um toque, uma mão carinhosa e as minhas as escolhidas. Mãos de homem em contato com seu ser, com sua mais profunda necessidade de carinho e meninice.

Dos passos que demos e que não percebestes, ritmados e em harmonia, as palavras sendo ditas de maneira mansa, compreendida, cheias, cheias de vida e olhares escuros e de mel se entredizendo, como se não bastasse seu sorriso e seus lábios.

Na mais gostosa chuva fina, cálida, refrescante...caminhamos, idealizamos símbolos, abrimos comportas, deixamos fluir tamanha calma e imensa ternura, como dois amantes calmos que se querem com ternura, que não atenua ou disfarça o desejo nem de um nem do outro, simplesmente apazigua o fogo do querer rápido e que foi tão bom.

Não havia tanto sol, mas, para quê afinal? Se dois seres celestes transitavam pela orla da praia, Lua e Marte de mãos dadas, um ensinando o outro a arte do querer, do amar e do ser pleno mesmo que ainda semente, mas, semente dura de vontade, consistente de amor. 

Que seja eterno, sempre, porque para a Lua será, em constante mutação enquanto Marte espera pelas suas fases e ama devagar, quase que dançando ao seu próprio luar e gosta, gosta disso como se fosse sua salvação. A sua grande mão chegou, a mão mais afagante, mais carinhosa, a que toca os lábios nunca em vão...a que sabe onde o caminho começa e termina.

De ti, lembranças se acumulam, dos olhos escuros, do sorriso claro, dos cabelos negros e rebeldes que cismam em ficar pra cima, emoldurando sonhos que dançam entre si.

Tu és Marte, sua Lua te espera mesmo na minguante, se permite na cheia, se entrega na crescente e nunca morrerá porque será sempre nova.

De ti, somente a voz me permite te lembrar, somente a lembrança da voz, da voz, e dos beijos, e dos xeros, e dos toques, e do amanhecer e do dançar apegado a mim. Pura decisão de enfiar tua língua na minha boca, e de caminhar de mãos dadas, de ser puxado para o centro, de ser tão teu que como nunca foi a Lua de outro alguém. 

De ti, só de ti!

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Eu vi um menino correndo!



Eu estava ouvindo essa música cantada por Gal, ouço desde rapaz e acho uma música cheia de simbolismo e vida, de esperança me parece.


Toda as vezes que se repete a estrada sob o sol eu me imagino nessa estrada, solitário, olhando bem lá longe no horizonte a poeira cantada, longa essa estrada e a poeira não parece baixar nunca.


Me enternece me imaginar o menino correndo, olhando o tempo, brincando ao redor dos caminhos, eu vejo outros meninos ali, como eu...eu te vejo, eu te vejo.


E hoje tantos anos, a distância do tempo, do espaço e da já enorme saudade me movimenta, me areja, a poeira já começou a baixar, a boca ainda está seca, o menino talvez dorme.


Dorme um sono profundo, pisado, ainda esperando ser revelado...doído. Uma tênue linha de vida ainda reluz e nesse laço eu vou me amarrando, no abstrato, no mais concreto objeto do amor que alguém pode se equilibrar, não, não despenco ribanceira abaixo como nos outros tempos, agora eu já me equilibrei e as palavras ditas, mal ditas, e imperfeitas já se foram na poeira.


Um olhar sobre o outro, que sofre, que chora, que ri, que dança nu na chuva, na luz que irradia por si, pelo sorriso, pelo deboche, pela beleza de si como ser ainda em formação de carne, mas, completo em espírito. Esse eu amo!


Podem romper a barreira de lodos, que eu criei asas e tudo pra mim será somente como uma flor de lótus, que no meio do pântano, da lama floresce. Sou ainda coragem e sou ainda metade porque não cheguei ainda a ti, mas, será assim uma eterna inspiração para alegria, para a loucura e para a fortaleza que sobe de nós.


Eu também ouço as estrofes e repito, eu canto e mesmo rouco eu ainda consigo atingir a maior nota, a do suspiro, a do respiro e coloco meu peito para arder. Seja lá o que tiver nessa fogueira, e isso pouco importa porque já me atirei.

Nas artes em geral, posso esculpir com a luz do Sol, posso pintar a poeira, posso tingir a estrada com a cor e com a tinta que eu quiser, e só eu saberei as cores que irei usar, te copiando!


Posso tingir também todas as estrelas de purpurina, por que não?

E esse menino de lá, da música, da estrada, continuará crescendo ou não...deixe o tempo saber.


E  os dois meninos irão pela estrada, na distância da idade, somente o amor pode igualar!